sábado, 14 de março de 2009

Visita de estudo a Lisboa

Na penúltima quarta-feira, fui a Lisboa integrado numa visita de estudo do Ensino Secundário (Línguas e Humanidades) em que se incluíam alunos meus do 10.º ano.
Saídos de Coimbra, chegámos ao Martim Moniz pelas 10 da manhã, seguindo, a pé, para o Castelo de S. Jorge, qual Martim Moniz dispostos a ficar entalados nas suas portas. Não fosse o facto de sermos um grupo de estudantes, teríamos de pagar, cada um, 5€ para visitar o Castelo, pelo facto de não vivermos em Lisboa. Acho isto uma aberração e assisti à indignação de alguns candidatos a visitantes que, com toda a certeza, também eram oriundos da "província" e que, como tal, parecem ser os únicos a ter de pagar a manutenção do espaço. Não sei porquê, mas cheira-me a insconstitucionalidade.
Visitado o Castelo, decemos, a pé, para a Sé de Lisboa que visitámos com agrado.
Fomos, de seguida, para a Baixa Pombalina onde almoçámos e pudemos constatar que um grupo razoável de alunos preferiu almoçar nos restaurantes da Baixa, preterindo o Mc Donalds e afins.
Após o almoço, seguimos para a Sede do Millenium/BCP, próximo do Arco da Rua Augusta, e que ocupa, quase por inteiro, um quarteirão pombalino da Baixa de Lisboa, com fachada para a Rua Augusta e traseiras para a Rua dos Correeiros. Entre 1991 e 1995, no decorrer das obras de remodelação aí efectuadas, a perfuração do pavimento pôs a descoberto estruturas arqueológicas de civilizações que, ao longo dos tempos, habitaram Lisboa. Uma surpresa mesmo por baixo dos nossos pés. Aí são visíveis vestígios pré-romanos, romanos, visigóticos, islâmicos, medievais, quinhentistas e pombalinos, nomeadamente as famosas estacas de pinho verde, que servem de sustentação aos edifícios pombalinos.
Finda esta visita, fomos, a pé, até à Assembleia da República, onde pudemos assistir, durante cerca de 45 minutos, ao Plenário que decorre provisoriamente da Sala do Senado, antiga sala das Cortes e da Assembleia Nacional.
O Palácio de São Bento, onde funciona a Assembleia da República, teve origem no primeiro mosteiro Beneditino construído em Lisboa em 1598. O mosteiro foi, então, deslocado para esta zona para dar abrigo a uma comunidade religiosa crescente e para estar nais perto do núcleo urbano. Ainda não se tinham concluído as obras e já o terramoto de 1755 causava graves danos no mosteiro. Mas foram a Revolução Liberal de 1820 e a extinção das ordens religiosas em 1834 que conduziram à instalação do Parlamento no Palácio de São Bento. A escadaria exterior foi construída em 1941 e encontra-se ladeada por dois leões (na altura ainda estavam bem dispostos), simbolicamente utilizados como sentinelas. Na fachada principal, ao cimo das escadas, encontra uma arcada onde se pode ler a palavra em latim 'Lex' - em alusão à função da Assembleia - e quatro estátuas alegóricas femininas - 'Prudência', 'Justiça', 'Força' e 'Temperança'.
O frontão situado acima da varanda tem 30m de comprimento e 6 de altura e o tímpano foi decorado pelo escultor Simões de Almeida, dentro de uma estética de acordo com o academismo vigente na Escola de Belas Artes, onde leccionava. Este tímpano representa o Estado Novo, com a Nação ao meio simbolizada pela insígnia latina 'Omnia Pro Patria' (Tudo pela Nação) e rodeada por 18 imagens que representam, entre outras, áreas como a Indústria e o Comércio.
Mas, o que mais me impressionou foi a sessão de trabalhos: metade dos deputados escrevia ao computador, muitos outros conversavam, falavam ao telefone/telemóvel, havendo um burburinho na sala que, por vezes, impedia que se ouvisse quem estava a discursar. Não cheguei a perceber como respondiam uns aos outros, pois a ideia é de que ninguém ouve ninguém.
Acabada a visita, lá tive que pôr água na fervura, pois os comentários vindos dos alunos, não eram os mais simpáticos: "Ó professor nunca mais diga que falamos ao mesmos tempo!", "Por que não podemos também ter os telemóveis ligados?", etc.
E lá voltámos nós à "província".
PS: Pelo meio ainda houve tempo para visitar a Casa do Alentejo e o seu fabuloso pátio neo-árabe, o Palácio da Independência, a Estação do Rossio em estilo neo-manuelino, bem como o HardRock Café.

14 comentários:

Arco-da-Velha disse...

Confesso que gosto de visitas de estudo no âmbito da disciplina de História. :) Já há muito tempo que não participo em nenhuma. Ultimamente tenho participado com os professores de Português, o que também é excelente, porque vamos sempre ao Teatro.

:)

aminhapele disse...

Consigo,continuamos a aprender.
Claro que,os 45 minutos de Plenário,poderiam ser fatais para a boa educação e,até,para os princípios básicos de estar na vida.
Felizmente,sabe-lhes dar a volta.
Parabens.
Um abraço.

Codinome Beija-Flor disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Codinome Beija-Flor disse...

Ah! Quando é que eu vou ver toda essa maravilha.

Sobre o comentário que me deixou, ouça aqui:

http://www.imeem.com/eumesmapoisclaro/video/_SXcPwTF/josh-groban-se-cinema-paradiso-music-video/

Depois me duga o que achou.
Abraços

Tozé Franco disse...

Olá Oui C'est Moi.
Também eu gosto muitos de visitas de estudo, pois permitem-nos conhecer outra faceta dos alunos.
Ainda este ano hei-de ir ao teatro e ao Museu de Marinha e ainda à Corunha.
Um abraço.

Tozé Franco disse...

Olá Aminhapele:
Ainda não me encontro refeito. Se não visse não acreditava.
Um abraço.

Tozé Franco disse...

Olá Beija-Flor
Quem sabe quando...
Quanto ao video já o fui ver e é uma delícia.
Um abraço.

Sofá Amarelo disse...

Uma excelente e completíssima reportagem. Parabéns e obrigado pelas dicas - sou daqui e passam-se anos em que não passo nalguns desses locais!

Teresa David disse...

QUE BELA FORMA DE NOS SERVIR DE GUIA EM TERRA PRÓPRIA, GOSTEI DA SUA DESCRIÇÃO.
BJS
TD

aminhapele disse...

Queria escrever "com sigo" e não "consigo".
Peço desculpa.

Pitanga Doce disse...

Ah, mas se fores à Évora ate´para entrar na Catedral (que nada mais é do que uma igreja graaaande), pagas. Já não digo nada que se pague para vistar o Museu ou subir a Torre e tal, mas pagar para entrar na igreja? Acho um pouco demais.

Ah, dá lembranças à Província. Ó céus!

Tozé Franco disse...

Olá Sofá Amarelo.
Também inda há coisas em Coimbra que não conheço. Espeor que as dicas sirvam para alguma coisa.
Um abraço.

Tozé Franco disse...

Olá Teresa.
Obrigado pelas palavras simpáticas.
Um abraço.

Tozé Franco disse...

Olá Pitanga.
Pagámos para entrar no Castelo e não na igreja. O que me chateou foi o facto de os de fora de Lisboa pagarem 5€ e os de Lisboa não pagarem nada.
Um abraço.