domingo, 30 de março de 2008

O galo de Barcelos

O galo originalAs variações




O Cruzeiro associado à lenda do Galo

É provavelmente a peça de artesanato português mais conhecida no mundo. Falo, naturalmente, do Galo de Barcelos.
Por mais curioso que pareça, há muitos galos de Barcelos à venda que são Made in....China.
Poderia propor à boa gente de Barcelos que fizesse um Chop Suey de Capão para concorrer com a comida dos restaurantes chineses, mas não vale a pena pois não trocaria uns bons Rojões ou umas Papas de Sarrabulho por qualquer especialidade chinesa.
Não ia a Barcelos há anos e, desta vez, apesar de estara apenas de passagem, reconheço que a cidade está bonita e se recomenda, ficando uma visista mais demorado para a próxima vez.
Voltando aos galos, que de símbolo de Barcelos se tornaram num símbolo de Portugal, é de referir que associada à peça de cerâmica está um lenda curiosa e que passo a transcrever.
Segundo ela, os habitantes do burgo (Barcelos) andavam alarmados com um crime e, mais ainda, por não se ter descoberto o criminoso que o cometera.
Certo dia, apareceu um galego que se tornou suspeito. As autoridades resolveram prendê-lo e, apesar dos seus juramentos de inocência, ninguém o acreditou. Ninguém julgava crível que o galego se dirigisse a S. Tiago de Compostela em cumprimento duma promessa; que fosse fervoroso devoto do santo que em Compostela se venerava, assim como de São Paulo e de Nossa Senhora.
Foi, por isso, condenado à forca.
Antes de ser enforcado, pediu que o levassem à presença do juiz que o condenara. Concedida a autorização, levaram-no à residência do magistrado, que nesse momento se banqueteava com alguns amigos. O galego voltou a afirmar a sua inocência e, perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado que estava sobre a mesa e exclamou:
- É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem.
Risos e comentários não se fizeram esperar, mas pelo sim e pelo não, ninguém tocou no galo. O que parecia impossível, tornou-se, porém, realidade! Quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo assado ergueu-se na mesa e cantou. Já ninguém duvidava das afirmações de inocência do condenado. O juiz corre à forca e com espanto vê o pobre homem de corda ao pescoço, mas o nó lasso, impedindo o estrangulamento. Imediatamente solto, foi mandado em paz.
Passados anos, voltou a Barcelos e fez erguer um monumento em louvor à Virgem e a São Tiago (Santiago).
“Barcelos verde rincão
Terra lusa, nobre gente
Onde um galo morto cantou
Para salvar um inocente."

quarta-feira, 26 de março de 2008

Praça 8 de Maio

Praça 8 de Maio anos 50/60
Praça 8 de Maio e rua da Sofia (o eléctrico da esquerda ia para a Estação Velha)
O mesmo local na actualidade

Praça 8 de Maio e rua Visconde da Luz (primeiras décadas do século XX)

Fotografia da mesma época mas retocada a cores.
Praça 8 de Maio em 1979 (mesma perspectiva)

Praça 8 de Maio na actualidade


A Praça 8 de Maio é assim chamada por ter sido nesse dia, corria o ano de 1834, que entraram na cidade, as tropas liberais do Duque da Terceira.
Até aí, e mesmo muito depois, era popularmente conhecida como Largo de Sansão, devido ao facto de ali existir, no centro da praça, uma estátua dessa personagem bíblica que encimava um chafariz aí erguido. Construído a mandado de D. Afonso Martins, prior de Santa Cruz, foi-lhe acrescentada a estátua referida em 1592.

Curioso é o facto de, em 1612, a Câmara ter decidido proibir a lavagem de louça e roupas nesse local.

Esse chafariz acabou demolido em 1876, a fim de ser construído o actual edifício da Câmara Municipal de Coimbra.

Em tempos idos, o Largo de Sansão era um dos locais preferidos pelas vendedeiras, para aí venderem os produtos das suas hortas e não só, o que levou a Câmara, em 1784, a determinar que só aí podiam transacionar os seus produtos, as vendedeiras com mais de 50 anos e de boa reputação.

Muito lindo é Sansão
Que tem bicas a correr
Mais lindo é Montarroio
Que tem moças a valer.

Merece destaque, neste largo, a Igreja de Santa Cruz e o Café Santa Cruz, instalado na antiga Igreja de S. João de Santa Cruz, onde entrar é sempre um deleite para os olhos pois, para além de tomar um simples café, podemos apreciar os seus vitrais, bem como a magnífica abóbada que lhe serve de cobertura.
Desta Praça partem as ruas Olíumpio Nicolau Rui Fernades e as rua da Sofia, Visconde da Luz, Direita, Louça, Corvo e Figueirinhas.
Daqui também partia a linha de eléctrico que ia até à Estação de Caminho de Ferro de Coimbra B (Estação Velha), passando pela rua da Sofia e Avenida Fernão de Magalhães.

domingo, 23 de março de 2008

St. Dominic’s Gospel Choir

Este ano, resolvi comemorar o Sábado de Páscoa de maneira diferente.
Para isso fui, mais as minhas duas mulheres (para dizer a verdade fui a convite da minha filha) até à Figueira da Foz, mais propriamente ao Casino, para ver uma apresentação do St. Dominic Gospel Choir.
Para quem não saiba, é um grupo composto por cerca de 50 cantores e 6 músicos que se dedica, particularmente, a esse tipo fabuloso de música de cariz religioso chamado Gospel.
Os St. Dominic já tinham andado pela televisão no "Aqui há Talento", tendo sido logo eliminados e fecharam o Fim de Ano dos Gato Fedorento com uma infeliz interpretação do "Oh, Happy Day".
Pois agora redimiram-se e deram um fabuloso espectáculo de 1 hora e 15 minutos, tendo terminado com a interpretação do "Oh, Happy Day", sem invenções, mas com um ritmo contagiante, que pôs toda a gente de pé a cantar, a bater palmas e a dançar.
A música que estão a escutar é uma versão da Sara Tavares da mesma música, pois não encontrei nada interpretado por eles, que pudesse colocar aqui, na Net.
Foi um final de Sábado em beleza.

Notas positivas, para além da música: Já não ia ao Casino há uns anos e o espaço continua bonito e agradável. Uma bica custa 50 cêntimos!!!

Notas Negativas: Na sala de jogos fuma-se às descaradas. Pior, no Salão principal onde decorria o espectáculo, havia quem fumasse sem quaisquer problemas, enchendo o ar de fumo. Afinal as leis deste país não se aplicam a toda a gente, ou isto deve-se ao exemplo do presidente da ASAE?
Fumeireo por fumeiro mais vale deixarem as alheiras, os presuntos e o queijo da serra em paz e preocuparem-se com isto.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Estou de luto...

Estou de luto pelo ensino...
Estou de luto pelo futuro deste país....
Tenho vergonha por alguns alunos deste país...
Que jovens está este país a (des)educar?
Que futuro nos/lhes está reservado?
Os iluminados que defendem a ideia de a escola não poder transmitir valores são, também, responsáveis por isto. Os alunos devem descobrir os valores por si, defendem eles. Eis o resultado. O mito do Bom Selvagem, infelizmente, continua a prevalecer no pedagogês/eduquês que vai ditando a política educativa deste país.
Dêem as voltas que quiserem, mas o facto é que os valores até aqui dominantes, saíram de cena e agora é o vazio.
Desgraçado país que não respeita os professores, que não percebe a importância da escola. Mas da escola onde se aprende, onde estudar dá trabalho e exige esforço e não a da ideia peregrina que tudo se faz a brincar, desde a matemática às ciências... Tudo é divertimento.
Entendamo-nos: estudar exige esforço.
A seguir ao 25 de Abril a palavra autoridade foi riscada do dicionário. Mas coitado do país que confunde autoridade com autoritarismo. A autoridade é, e sempre será, necessária. Pena é que muitos a confundam com autoritarismo. Este sim detestável.
Felizmente, trabalho numa Escola com VALORES assumidos.

sábado, 15 de março de 2008

Simplesmente Coimbra...

O Parque Verde (margem direita)
Margem esquerda em 1/12/2006
Em 15/3/2008
Coimbra vista da ponte Pedro e Inês
Há 50 anosCoimbra e uma barca serrana
Novas companhias no Mondego
Hoje, fui dar uma volta ao Parque Verde que continua a crescer nas margens do Mondego unidas pela belíssima ponte Pedro e Inês.
Espero que sobreviva às Noites do Parque da Queima.
Coimbra, sem dúvida, está a ficar mais bonita.

Ó Coimbra do Mondego
E dos amores que eu lá tive
Quem te não viu anda cego
Quem te não amar não vive

Do Choupal até à Lapa
Foi Coimbra os meus amores
A sombra da minha capa
Deu no chão, abriu em flores.

domingo, 9 de março de 2008

VI Festival do Arroz e da Lampreia




Está a decorrer, entre 29 de Fevereiro e 9 de Março (termina hoje), em Montemor-o-Velho, o VI Festival do Arroz e da Lampreia.
No dia 2 Março, tive oportunidade de ir até lá, a fim de provar algumas das iguarias que por ali se podem degustar.
Não provei, desta vez, o arroz de lampreia porque as minhas espectativas são demasiado elevadas. Não querendo ser faccioso, posso dizer que o melhor é o confeccionado pela minha mãe, como já aqui demonstrei.

Provou-se, então, na tasquinha do Grupo Folclórico da Ereira, umas enguias fritas, acompanhadas por arroz de tomate e feijão.
As enguias estavam deliciosas. Não muito grandes, nem muito pequenas, marcharam todas. Quanto ao arroz, confesso que, pela 1.ª vez, comi arroz de tomate com feijão e posso dizer que me surpreendeu pela positiva.

Já no regresso, lá parámos na Pousadinha a fim de nos debatermos com uns pastéis de Tentúgal. Confesso que não deram muita luta, pois desapareceram num ápice.

Enquanto esperava pelo almoço, lembrei-me da história do Abade João que partilho convosco:
Nos tempos conturbados da Reconquista, habitava no Castelo de Montemor um abade de nome João.
O Abade tinha um familiar de nome Garcia Janes que se terá passado para a fé inimiga, ou seja, o islamismo. Em Córdova, o Califa local deu-lhe um exército enorme com o qual veio atacar Montemor-o-Velho.
O Abade João e os soldados do Castelo defenderam-se como puderam mas, perante tantos inimigos, cedo se aperceberam que a resistência teria o tempo contado. Numa atitude desesperada, o Abade mandou degolar os velhos, as mulheres e as crianças para que ninguém caísse vivo nas mãos dos inimigos.
Ele e os homens válidos saíram então pela porta principal do Castelo para morrer lutando com as armas nas mãos. Curiosamente, o ataque desesperado foi tão forte que o exército muçulmano foi completamente destroçado.
Acontecera o impensável: os cristãos eram vencedores mas tinham ficado viúvos, sem pais e sem filhos.
Voltaram então ao Castelo, em desespero, pedindo perdão a Deus pela sua atitude e por não terem acreditado na Sua força. Foi nessa altura que aconteceu o grande milagre: todos os degolados ressuscitaram e a vida retomou o seu curso normal.
No entanto, todos eles ficaram com a cicatriz no pescoço para que o episódio não fosse esquecido.
A lenda ainda não acaba aqui, uma vez que, depois desta vitória, resolveram perseguir o inimigo tendo morto mais de 70 mil mouros, até chegarem a um sítio onde o Abade João terá gritado "Cessa! Cessa", pois entendia que deveria acabar ali aquele ataque. Por isso esse lugar recebeu o nome de Seiça e foi aí que o Abade João foi enterrado.
Os milagres continuaram e chegaram a ser presenciados por D. Afonso Henriques que, muitos anos depois, pode verificar que as ossadas do Abade João mediam 11 palmos, ou seja, afinal era um gigante.

Se lerem isto hoje, Domingo, talvez ainda possam ir a tempo de, em Montemor-o-Velho, provar um petisco.
Conselho: Sejam atrevidos e provem algo de diferente, pois também por lá há o Arroz de Pato e outras coisas do género. Mas isso é o que não falta um pouco por todo o país.
P.S.: Seria bom que alguns críticos gastronómicos da nossa praça visitassem estes certames e não passassem o tempo todo a visitar restaurantes ditos finos, que têm preços escandalosos, inversamente proporcionais à quantidade de comida que apresentam no prato. Além de servirem pouca quantidade existe a mania de colocar sempre um nome a soar a língua estrangeira, para parecer mais fino. Quando andava na Faculdade, era hábito, na cantina das Matemáticas, fazer-se a mesma coisa. Muitas vezes comi eu "Peixe au gratin" ou "Hamburguer de oiseaux".

domingo, 2 de março de 2008

Pai babado

No útimo Sábado decorreu, na Lousã, o XII Festival Diocesano da Canção.
O Grupo Eve, pertencente à Paróquia de S. Martinho do Bispo venceu merecidamente.
A sua canção foi a eleita pelo juri entre as dez músicas que representavam vários grupos de jovens da diocese de Coimbra.
Quias os motivos que me levam a falar deste Festival?
O facto de a minha filha ter participado e logo no grupo vencedor. Para quem a conhece facilmente a identifica, para os outros fica uma pista: é que está vestida de preto e branco.
Um grande obrigado para todos eles: Ana, Mariana, Athaíde, Machado e Jané. Parabéns.
Ouçam e digam alguma coisa.
Verão que vale a pena.