quarta-feira, 31 de maio de 2006

O nome das coisas III


Maiorca é uma povoação localizada na base do monte de S. Bento, na margem de uma ribeira que desagua no rio Foja.
A história que conta o seu nome é uma curiosidade etnográfica.
O nome teria surgido devido à rivalidade com a vila situada no lado oposto da palnície aluvial do Mondego: Montemor.
Os habitantes de Montemor diziam que o seu monte era o maior (mor), ao que os de Maiorca retorquiam, dizendo: Maior é o de cá!
Entretanto, com o passar dos anos Montemor viu o seu nome aumentar para Montemo-o-Velho, quando a reconquista avançou para sul e foi conquistado um outro Montemor que, por ser terra recente, se passou a chamar Montemo-o-Novo.
Em Montemor-o-Velho comiam-se, há alguns anos, umas espigas doces, que hoje se podem encontrar em Tentúgal, na Pousadinha, que muitos conhecerão por causa dos pastéis de Tentúgal e das queijadas.
Bom proveito.

terça-feira, 30 de maio de 2006

O nome das coisas II - Penela


Conta uma lenda que o nome de Penela apareceu no tempo da reconquista cristã.
D. Afonso Henriques, já por várias vezes havia tentado ocupar a Vila onde existia um importante castelo, até que, certo dia, estando escondido com os seus soldados por detrás de umas rochas a oportunidade surgiu: um grupo de mouros saíu, pela Porta da Traição, para dar de beber ao gado, tendo deixado a porta aberta, por não suspeitar de perigo. Aproveitando a oportunidade, correram para a porta e D. Afonso Henriques entrando à frente, incitou os seus soldados dizendo: "Coragem! Já estamos com o pé nela".
Assim teria surgido o nome de Penela.
Na realidade a origem da palavra está em Penha de que Penela é um diminutivo.

segunda-feira, 29 de maio de 2006

Évora - Praça do Giraldo


Uma vez que já fui "acusado" de falar de comida e não colocar nenhuma fotografia para adoçar a boca aos meus visitantes, aqui vai, não uma fotografia, mas uma receita de um dos melhores doces que conheço: a encharcada.

Ingredientes: 18 gemas + 6 ovos inteiros; 500 gr de açúcar; 2 dl de água; canela para polvilhar.
Numa frigideira de ferro, leva-se o açúcar com a água ao lume, até fazer um ponto leve (ponto de fio).
Enquanto isso, batem-se muito bem os ovos com as gemas.
Assim que o açúcar estiver no ponto desejado, juntam-se os ovos, tendo o cuidado de ir deitando a partir do centro, em forma circular, até encher a frigideira.
Depois, enquanto o doce coze, vai-se picando muito bem com um garfo, por forma a cozer bem e fazer com que a calda de açúcar penetre bem nos ovos.Com uma espátula evita-se que pegue à frigideira.
Demora cerca de 10 minutos a cozer. Quando estiver com o aspecto de uma omeleta, está pronto.
Atenção que deve ficar com calda!
De seguida, polvilha-se com canela, e leva-se uns 5 minutos a forno forte, para alourar ligeiramante.
Depois disto é so experimentar e não fazer análises no sia seguinte!

Sugestão: Em Évora come-se lindamente, e em conta, no Martinho da Arcada (junto ao centro). Vale a pena experimentar ao Pézinhos de Coentrada, a Sopa de Cação e, já agora, a Encharcada.

Façam o favor de ser felizes e cuidado com o colesterol!...

quinta-feira, 25 de maio de 2006

O nome das coisas I


Coimbra nem sempre teve este nome pois, em tempos idos, chamava-se Aeminium (civitas Aeminiensis). No entanto, depois da invasão de Conímbriga pelos Suevos, no ano de 464, esta cidade entrou em acentuado declínio, o que levou o bispo a abandoná-la, indo viver para Aeminium, que ficou a ser conhecida como a terra do bispo de Conímbriga.
Assim, a pouco e pouco, o nome Aeminium foi sendo substituído por Conímbriga que, com os tempos deu origem ao topónimo Coimbra,
Ainda hoje, aos habitantes de Coimbra se chama Conimbricenses, o que faz lembrar Conimbriguenses, que eram os naturais de Conímbriga.
Já agora, embora eu seja suspeito, deixo uma sugestão para comerem bem: Zé Manel dos Ossos, mesmo no centro, nas traseiras do Hotel Astória. Não há barriguinhas de porco com as que ali se comem.

terça-feira, 23 de maio de 2006

Furnas/Açores

Ontem falei dos Açores a propósito de D.Pedro e das hortênsias.
Hoje aqui fica mais uma viagem e o primeiro "sabor" para partilhar convosco.
Em meados do século XIV já existiam cartas geográficas que indicavam a existência de algumas ilhas dos Açores. Quanto à ilha de S. Miguel, a maior de todo o arquipélago e a mais povoada (tem tanta população como as outras oito ilhas juntas), supõe-se que tenha sido descoberta entre 1426 e 1439. Sabe-se, que em 1439 teve início o seu povoamento, efectuado por portugueses oriundos da Estremadura, Algarve, Alto Alentejo e alguns estrangeiros, especialmente flamengos.
É neste pedaço de paraíso (a hora e meia de viagem de Ponta Delgada) que fica o Vale das Furnas, com as suas fumarolas (caldeiras) de água quente, lamas e águas medicinais, que é atravessado por duas ribeiras, sendo uma delas de água quente (é óptima para mergulhar os pés). Possui mais de vinte nascentes termais, o que a torna uma das maiores hidrópoles do mundo. Junto à Lagoa das Furnas, podemos visitar a ermida de Nossa Senhora das Vitórias e a zona onde se confecciona o "Cozido nas Caldeiras", aproveitando o calor da terra. Entre as 12 e as 15 horas, é natural assistir ao "desterrar" do cozido (demora cerca de 6 horas a cozer).
Para o comer, sugiro o restaurante Miroma (no centro da vila das Furnas), onde se pode provar essa iguaria que tem algumas semelhanças com o Cozido à Portuguesa (com tudo o que este leva mais batata doce e inhâme), mas com um sabor mais característico e muito agradável.
Garanto-vos que vale a pena experimentar.
Na imagem podem ver o rei de Espanha e o Dr. Jorge Sampaio a ver o "desterrar" do cozido, no dia em que eu lá estive.
Já agora provem também uma espiga de milho cozida na água das furnas.
Se outros motivos não houvesse, este seria já um bom pretexto para ir aos Açores.

segunda-feira, 22 de maio de 2006

Hortênsias


Hortênsias, hidrângeas ou hidranjas.
Qualquer um destes nomes serve para designar a bonita flor que está na fotografia.
Esta foto foi tirada perto da Lagoa das Sete Cidades, na ilha de S. Miguel.
Sem sombra de dúvida, os Açores são uma dádiva da Natureza, felizmente ainda longe do turismo de massas que já encontramos na Madeira.
Voltando à hortênsia, esta foi a flor escolhida por D. Pedro, quando regressado do Brasil, passou pelos Açores, antes de desembarcar na praia de Pampelido/Mindelo. Daqui partiu para a Invicta cidade do Porto, iniciando-se a Guerra Civil entre liberais, por ele liderados, e absolutistas liderados pelo seu irmão D. Miguel, que havia restaurado o absolutismo em Portugal, em 1828.

domingo, 21 de maio de 2006

Antiga quinta dos Condes da Esperança (Cernache)



Vá para fora cá dentro!
Aqui vai o 2º post.
Uma vez que o tempo é escasso e os dias, felizmente, apenas têm 24 horas, só hoje me foi possível escrever algo.
A Vila de Cernache* (antiga Sernache dos Alhos) teve Foral dado por D. Manuel I, no ano de 1514, havendo, no CAIC, uma excelente cópia dessa Carta de Foral feita, há alguns anos, por um grupo de alunos do 11.º ano, no âmbito de um Trabalho de Projecto.
Mas hoje, e a propósito da fotografia, o tema é a Quinta dos Condes da Esperança, onde está instalado o Colégio da Imaculada Conceição, há 50 anos, e que, à entrada, tem um magnífico Torreão de gosto romântico, tendo ao lado a Casa das Palmeiras de gosto francês.
Ainda na Quinta, encontramos um excelente parque com árvores raras, uma gruta, uma queda de água, ladeada por duas esfinges e um lago com uma ilha, recentemente recuperado, onde até já se faz canoagem.
Um dia destes volto ao assunto.
Até um dia destes e façam o favor de ser felizes.
*
"Cernache dos alhos
Vila Pouca das cebolas
Coimbra das panelas
Vila Nova das cebolas"

terça-feira, 16 de maio de 2006

Aí vai o primeiro...



Há sempre uma primeira vez para tudo.
Hoje, depois de incentivado pelo meu colega Carlos Moura, resolvi lançar-me na criação de um bloque.
Vamos lá ver o que vai sair daqui.
Penso partilhar convosco (com quem tiver pachorra para me ler) algumas histórias e estórias que fizeram, e fazem parte, da nossa identidade como povo.
Depois de muitas andanças pelo Clube de Arqueologia do CAIC e com um currículo de muitas visitas de estudo acompanhando alunos dos mais variados anos lectivos (a da foto teve lugar no dia 30 de Novembro, com os meus alunos do 10º ano para Mérida), já vou tendo algumas histórias e estórias que gostaria de partilhar.
Espero consegui-lo e, já agora, não ser muito maçador.
Até um dia destes.
Tozé Franco